domingo, 11 de maio de 2014

O sótão


Imagina que você faz parte de uma equipe que tem como meta construir uma casa.
A primeira coisa a se fazer é escolher um terreno. Ver onde a futura residência se localizará. Certo?
A segunda etapa, e talvez a mais importante, é fazer  uma planta, um esboço da casa.  Pra isso você, junto com a sua equipe, precisará trocar ideias e opiniões, pesquisar moldes, fazer cronogramas, buscar informações importantes, analisar possibilidades entre muitos outros. Com certeza abranger a fase de planejamento levará muito tempo, porém é nesse desgaste de inspirações e energia que você começará a sentir o verdadeiro tesão pelo objetivo. Você já estava excitado com o projeto, mas depois de ver o rascunho, nesse caso da casa, você ficará ainda mais admirado e louco para vê-lo concretamente.
A terceira etapa é colocar as mãos na massa. Para facilitar o processo o grupo decide designar uma parte da futura casa para cada integrante. Ou seja, cada cômodo da casa terá o seu responsável. Contudo, é nessa parte que começa os seus problemas, pois na hora de repartir as obrigações, os cômodos, o seu é o mais insignificante, o mais chato, o mais desnecessário de toda a construção, de toda obra, de toda a casa. Enquanto os outros ficaram com a cozinha ou os quartos, por exemplo, você ficou com o sótão, um simples e humilde sótão.Sim, cada cômodo tem o seu valor no corpo do projeto, que aqui no caso é a construção de uma casa, mas o de menor importância, que poderia ser feito por qualquer um, o menos interessante ficou com você.
Você tem capacidade suficiente para ter ficado responsável pela sala de estar ou o banheiro - vai dizer que o banheiro não é muito importante? - Ou até mesmo de ajudar na tarefa dos demais integrantes, não se importando em dividir o reconhecimento no final. Mas por motivos adversos, constituídos por longas proclamações em que afirmam que sua parte é importante tanto quanto as outras e que é necessário que alguém faça o sótão, você, mesmo não concordando e batendo o pé, fica com o maldito e entediante sótão.
Venhamos e convenhamos, ter um sótão em casa deve ser super legal. Eu mesmo adoraria ter um. Mas é uma parte de uma moradia que não precisa ser feita necessariamente. É meio que um bônus. Apenas isso.  Ter um sótão ou não na casa não vai mudá-la tanto assim, pois é perfeitamente possível viver sem um. Entende?
Desta forma, consequentemente você vai se sentir inútil. Você não quer receber mais prestígio do que os outros. Você simplesmente quer participar fazendo algo relevante, que você se identifique. Saber que os tijolos de um cômodo, verdadeiramente essencial, foi colocado, planejado e feito por você.
Quando isso acontece só há duas opções - não que seja comum você receber o convite de construir uma casa. Usei o exemplo em metáfora. - A primeira opção é sair da equipe e tentar construir a sua própria casa. No meu caso não dá porque não seria justo nem comigo nem com o grupo. A segunda é aceitar, mesmo indignado, espumando de raiva e completamente transtornado, o seu sótão.

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