quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Degrau por degrau

 


   Há alguns dias eu percebi algo que me causou uma série de questionamentos. Eu notei que toda vez que vou subir escadas eu pulo um degrau. Ao invés de subir calmamente degrau por degrau eu tomo dois de cada vez. Este hábito, costume ou perspectiva de chegar no ápice também se aplica na minha vida. Tudo, ou quase tudo que vou fazer, aprender ou buscar, costumo visualizar apenas o final e não o percurso que terei que percorrer para chegar ao meu objetivo e, fascinado com o o que me espera, acabo esquecendo o caminho.
   Como acabei de mencionar eu sempre pulo um degrau quando vou subir escadas. Por um lado isso é bom pois chego rapidamente no alto. Mas por outro, quando alcanço o pico  provavelmente estarei cansado  e, infelizmente, terei pulado degraus que poderiam ter sido úteis. Claro que essa metáfora que idealizei não se enquadra no fator de subir, literalmente, degraus. Cada um sobe e desce escadas do jeito que quiser. Estou dizendo, em outras palavras, que a vida é feita de níveis e todos, sem exceções, são importantes para o ciclo.
   Pra quem não sabe eu comecei a estudar em uma faculdade pública - sinal que sou inteligente. - Lá, como em qualquer outro lugar que haja a necessidade de convívio constante, me deparo com uma infinidade de pessoas. Todas, é claro, nutrem  objetivos, valores e virtudes e agem da forma que julgam natural. Eu, no meio desse mar de diferenças, percebo o quanto estou aquém. Não por todos, pois percebo que alguns são tão frágeis quanto eu. Mas noto, pela boa parte, que eles estão mais preparados e instruídos do que eu em vários níveis e não apenas acadêmicos.
   Já mencionei aqui algumas vezes o meu complexo de inferioridade - o que explica muito a minha personalidade. - Mas digo, com quase certeza, que essa síndrome não tem nada a ver com o que acabei de dizer... Talvez um pouco vai.
   Mas a questão é que não estou preparado para essa nova etapa. Me sinto o adolescente feio, espinhoso, escroto, sem autoestima e frustrado que já fui. Talvez se não tivesse pulado, ou melhor, fugido de alguns degraus, neste momento estaria pronto para suportar o que a vida me reservou. Não tenho como fugir pois como mencionei estudo em instituição pública - sinal que sou inteligente, e estou repetindo propositadamente a afirmação - e não vou deixar uma oportunidade de tamanha magnitude fugir por causa dos meus conflitos internos. Não mesmo.
   O máximo que posso fazer agora é subir a grande e cansativa escada à minha frente degrau por degrau.

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